domingo, 29 de outubro de 2006

Salada turca

Chega às livrarias brasileiras nesta semana "Neve", romance do Prêmio Nobel turco Orhan Pamuk que retrata a cisão cultural e religiosa de seu país

STEPHEN O'SHEA*
Para mim foi uma surpresa que, entre as muitas virtudes do romancista turco Orhan Pamuk, eu pudesse incluir também a presciência política. Elogiado como virtuose do equilibrismo pós-moderno -em companhia de Jorge Luis Borges, Italo Calvino e Umberto Eco-, Pamuk sempre propiciou delícias intelectuais aos seus leitores sem os preocupar demais quanto ao tempo em que eles vivem.

"Meu Nome É Vermelho" [Companhia das Letras] retratava uma disputa estética entre miniaturistas otomanos e foi elogiado como obra de gênio idiossincrático, e o mesmo pode ser dito sobre "O Castelo Branco" [Record], que gira em torno de um mestre muçulmano e seu escravo cristão que trocam de identidade.

Agora, com "Neve" [Companhia das Letras, trad. Luciano Vieira Machado, 488 págs., R$ 54], de 1996, portanto antes do 11 de Setembro, Pamuk oferece prova de que o artista solitário prevê melhor as viradas históricas do que qualquer especialista convidado habitualmente a proferir opiniões em programas de TV. >>>> + + + +

STEPHEN O'SHEA é autor de "A Heresia Perfeita" (ed. Record). Este texto foi publicado no jornal inglês "Independent".

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