sábado, 25 de agosto de 2007

Aforismo como antídoto, por Manuel da Costa Pinto.


"O Mundo em uma Frase" permite ver o aforismo como gênero singular dentro da tradição das formas breves
EXISTEM LEITORES ávidos de romances e há quem prefira o extremo oposto, as fórmulas epigramáticas, a concisão das sentenças. Não se trata de profundidade, num caso, ou de preguiça intelectual, no outro. Afinal, cartapácios de 800 páginas podem conter tanto "Ana Karenina" quanto literatura de aeroporto; e se as frases lapidares servem de veículo aos lugares-comuns, também dão forma a um gênero de incontestável nobreza: o aforismo.
É esse o tema de "O Mundo em uma Frase: Uma Breve História do Aforismo", de James Geary. Com uma introdução sintética como convém (e na qual Geary se revela um espirituoso autor de agudezas), o livro é uma seqüência de verbetes em que desfilam os principais cultores das formas breves ao longo dos séculos. O critério de escolha de Geary é complacente e tem o mérito discutível de colocar Lao Tsé, Jesus e Maomé no mesmo balaio de Epicuro e Sêneca, de equiparar as máximas de La Rochefoucauld ao "estilo axiomático" de Wittgenstein. ++++

Autor paga o preço de sua honestidade intelectual


CLÁUDIO ANGELO - EDITOR DE CIÊNCIA
Tive o desprazer de conversar com Richard Dawkins apenas duas vezes na vida. É um sujeito antipático, pedante e de uma intolerância insuportável. Exatamente o oposto da personalidade que se espera encontrar em alguém cuja profissão de (ops!) fé é levar a ciência ao grande público. E que é, goste-se ou não dele, um dos intelectuais mais brilhantes que a seleção natural já produziu.
Talvez essa certeza de superioridade, que transborda nos escritos do biólogo britânico, explique em parte por que Dawkins é tão vilipendiado pelos ditos intelectuais "de esquerda" e "culturalistas", para não falar nos (credo!) pós-modernos. Essa patota não hesita em pichá-lo de darwinista bitolado que não consegue enxergar nada além de genes egoístas tramando a destruição do livre-arbítrio humano.
(....)Ao dar munição à sociobiologia com suas idéias sobre genética, Dawkins também virou alvo. O máximo expoente da "biologia dialética", Richard Lewontin, chegou a deturpar uma passagem de "O Gene Egoísta". Onde Dawkins dizia "eles [os genes] nos criaram, corpo e mente", Lewontin enxertou "eles nos controlam, corpo e mente". Até hoje não se desculpou por isso.
Com "Deus, um Delírio", o zoólogo britânico volta a atrair detratores, de ambas as extremidades do espectro político, de todas as cores e -principalmente- credos. Seu único crime terá sido meter a mão num vespeiro (a religião) para o qual os cientistas têm insistido em dar as costas, enquanto dele esvoaçam sem cessar fanáticos do calibre de Osama Bin Laden e George W. Bush. Dawkins esnoba os críticos. Ele sabe que o "meme" darwinista triunfa, e que a luz já foi lançada sobre o mistério da existência humana.


A ciência contra Deus, por Marcelo Coelho.


Corajoso e furibundo, "Deus, um Delírio", de Richard Dawkins, traz forte argumentação em favor do ateísmo, critica a irracionalidade e diz que religiões são nocivas ao bem-estar humano
No livro, cientista britânico utiliza argumentos evolucionistas e considera a existência de Deus uma grande improbabilidade.
Sacerdotes e cientistas mantiveram, durante um bom tempo, certas normas de convivência pacífica: salvo as exceções mais radicais, um não se metia com os assuntos do outro. Hipocrisia, afirma o biólogo Richard Dawkins no corajoso e furibundo "Deus, um Delírio".
Dawkins inicia sua forte argumentação em favor do ateísmo assinalando que a maior parte dos cientistas, inclusive o físico alemão Albert Einstein (1879-1955), cuidava de fazer vagas profissões de fé deístas apenas para não chocar os espíritos religiosos. Acreditar num "Deus que não joga dados", como formulado na famosa frase de Einstein, equivale muito mais a confiar nas regularidades das leis da natureza do que a afirmar qualquer coisa próxima de uma religião. ++++++